"Se o Senhor não edificar a casa,
em vão se esforçam os construtores."
Um horizonte de 87 anos de existência, 64 dos quais de ministério pastoral numa mesma paróquia, é uma experiência rara, que corresponde a um impressionante testemunho de serviço à Igreja e ao povo de Deus da sua comunidade. Estamos a falar do primeiro pároco de Santo Ovídio, Padre (Monsenhor) Fernando Queirós, a quem recentemente foi dado um sucessor, o Padre Filipe Costa e Silva.
Os colegas padres e diáconos da Vigararia de Gaia Norte quiseram manifestar-lhe todo o apreço, amizade e gratidão pela pessoa que é e pelo trabalho que ali desenvolveu ao longo de mais de seis décadas. Fizeram-no com um festivo jantar de homenagem em Esmoriz, na Casa dos Castanheiros, da Fraternidade Sacerdotal, no passado dia 10.
Ordenado por D. Florentino Andrade e Silva, em agosto de 1960, quase a completar 23 anos, o jovem padre Fernando foi nomeado coadjutor da paróquia de Mafamude. Em 1962, foi-lhe confiada a zona de Santo Ovídio, destinada a tornar-se uma nova paróquia. Território desmembrado da paróquia de Mafamude, na periferia de Gaia, mas cujo desenvolvimento acelerado já se adivinhava. Um projeto pastoral clarividente do então Administrador Apostólico que contemplou outras zonas periféricas do tecido urbano portuense: Padrão da Légua, Amial, zona de Campanhã (Azevedo e Senhora do Calvário) e Senhora da Ajuda (bairro da Pasteleira).
Santo Ovídio era um arrabalde ainda predominantemente rural. A ponte da Arrábida estava ainda em construção: seria inaugurada em 1963, juntamente com um curto troço de autoestrada que não passava dos Carvalhos. A ponte de D. Luís mantinha um importante caudal da Estrada Nacional que rumava a Lisboa, atravessando Gaia. A Avenida da República, agora sulcada pela linha do Metro que segue até Vila d’Este, era então a EN 1. Padre Queirós recorda que, nesse longo percurso de 2 Km e meio, só existiam nesse tempo dois cafés: um no Jardim do Morro e o outro em Santo Ovídio.
Ao nomeá-lo para a nova paróquia, D. Florentino apontou, como prioridade da missão que lhe confiava, construir uma igreja, necessária para substituir a capela existente no início da rampa que conduz ao Monte da Virgem. P. Queirós estava bem consciente de que, antes ainda, a tarefa inicial tinha que ser congregar a igreja-comunidade e povo de Deus de que falava a Constituição “Lumen gentium”, sobre a Igreja (1964). O Concílio Vaticano II iniciara precisamente em 1962, suscitando um dinamismo e uma frescura de renovação que inspirava o pároco que dava os primeiros passos em Santo Ovídio. As carências de estruturas sociais e escolares levam, bem antes do projeto da nova igreja, à fundação, logo em 1967, do Centro Social Paroquial, com creche e pré-escolar. Vinte anos depois, surgiriam as instalações do CATL, na Rua da Montanha. De 1975 data a criação do Agrupamento 465 dos Escuteiros, agora prestes a celebrar os 50 anos de existência.
O projeto da nova igreja não ficou esquecido, mas constituiu uma odisseia, que Padre Queirós evoca, comovido. Antes de mais, havia que encontrar e escolher a localização mais conveniente. A opção recaiu, no princípio dos anos 70, sobre o terreno onde efetivamente viria a ser edificado o projeto do arquiteto Gomes da Silva, mas foi preciso aguardar vinte anos, no meio de avanços e recuos, esperanças e desilusões, avaliações e reavaliações com custos crescentes, para que finalmente, em 1994, D. Júlio Tavares Rebimbas procedesse à bênção da primeira pedra. Quatro anos depois iniciavam as obras. Foi D. Armindo Lopes Coelho, em 2002, a presidir à dedicação da tão aguardada igreja nova. Quarenta anos tinham passado, desde a chegada do estimado Padre Queirós, que repete, sinceramente convicto, que se trata de obra de Deus: “Se o Senhor não edificar a casa, em vão se esforçam os construtores” (Sl 126). A maior virtude, indispensável na atividade apostólica? Responde: “a paciência”, um dos preciosos “frutos do Espírito” (Gl 5, 22).
Por padre José M. Pacheco Gonçalves, in Voz Portucalense, 21 de outubro de 2024
No dia 15 de dezembro teremos connosco o Sr. Bispo D. Manuel Linda que presidirá à Eucaristia das 11h30, na qual daremos graças pelo ministério sacerdotal do Monsenhor em favor desta comunidade.
Seguir-se-á um almoço aberto a todos, no Hotel Holiday Inn, para o qual pedimos que se inscrevam, na secretaria, até ao fim do mês de novembro, mediante o pagamento de 35 euros por pessoa, havendo redução de 50% para crianças dos 4 aos 12 anos. As crianças até aos 3 anos não pagam.